domingo, 31 de agosto de 2008

Peralcovo, a lenda


A lenda:
«Esta pequena povoação fica quase no alto da serra sobranceira ao Espinhal e dista de Campelo (sede da freguesia a que pertence) cerca de meia hora de caminho.
O local, de configuração bastante acidentado e rodeado de grandes elevações, é pitoresco e dominado por um pico montanhoso, donde se disfruta o panorama lindíssimo de muitas léguas em redor
A povoação aninha-se, logo a baixo, numa pequena colina, onde existia antigamente uma cova de desproporcionadas dimensões, talhadas a pique pelo agrupamento de serras que vem quedar-se acima na montanha e que estão mais espaçosamente separadas pelo sulco profundo que o arado divino ali abriu, criando uma passagem e nela desenhando o longo e extenso Vale de Peralcovo.
A origem desta povoação, ao certo, dada a falta de vestígios, não se sabe, mas não restam dúvidas de que é muito antiga e, se dermos crédito à Lena, o seu nome é principesco, teria sido fundada pela princesa de PERALTA filha do opolento rei vencido a quando de prolongadas lutas na região da Lousã.
Esta princesa ter-se-ia refugiado no local batizando-o com o seu próprio nome. Por este motivo e também devido aos acidentes do terreno, o sítio torna-se conhecido por COVO (cova grande, esconderijo) de PERALTA, designações que, aglutinando-se teriam dado PERALCOVO.
É, efectivamente, aceitável que assim teria acontecido.
Esta povoação, de existência bastante remota, parecendo perdida desde há muito desejava ter um lar sagrado, a recordar o Creador nas serras que Ele semeara antes da subida aos Céus.
A construção de uma capela era uma ideia enraizada que num futuro mais ou menos próximo se converteria em realidade.
Bastava a recordação que todos tinham da “TIA MARIA MOÇA” e dos seus santinhos para que essa ideia frutificasse, transmitida de geração em geração. Foi assim que chegou a nosso dias.
Então quem era a “TIA MARIA MOÇA”? Segundo diz a lenda, era uma pobre mulher, até certo ponto virtuosa.
Ela improvisara em sua casa, uma pequena CAPELA, que foi sem dúvida, o primeiro templo que existiu em Peralcovo. Diz-se até que os santinhos dela tinham muito valor; é verdade que lá acorriam numerosos crentes que faziam dádivas em cumprimentos de promessas.
Desta recordação parece ter nascido a capela que hoje lá se ostenta para onde foram os santinhos da “TIA MARIA MOÇA” e na qual se venera NOSSA SENHORA DA BOA VIAGEM. Todos os anos no último DOMINGO DE AGOSTO, acorrem a esta pequena povoação centenas de fiéis desta freguesia e arredores à festa da sua Padroeira.

“SANTA DA BOA VIAGEM”,
OLHAI PELOS QUE SE VÃO:
O PAI, O MARIDO, O FILHO,
E MAIS O NOIVO E O IRMÃO»
Texto inserido no verso do ícone/"santinho" apresentado a seguir:

Dimensões: 120 x 159 mm; sem data

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