Peralcovo
Peralcovo é uma aldeia situada na extremidade Sudoeste da Cordilheira Central/Serra da Lousã, na freguesia de Campelo, concelho de Figueiró dos Vinhos - coordenadas Latitude: 40º 0' 22” N, Longitude: 8º 17' 18” W, Altitude: 550 metros.
Os primeiros registos conhecidos acerca desta aldeia datam de 1758, quando o pároco de Campelo refere Peralcoyo como um dos lugares dessa paróquia (José dos Santos Matos de Carvalho, “Tempos Antigos da Região de Campelo”, in “Boletim da Casa da Comarca de Figueiró dos Vinhos”, número único comemorativo do seu vigésimo aniversário, 31 de Maio de 1957):
“(…) "em 1757, o Cura de Campelo, respondendo a um inquérito, informava o cura da freguesia de Lamas de que «o lugar de Funtam Simeyro desta minha freguesia tem capella particular»; e isto confirmou o mesmo Cura, Joam Roys Franco (conforme assinatura do próprio), quando no dia 6 de Agosto de 1758 e de Campelo escreveu, cumprindo ordem régia, o seguinte:
- «...minha Freguesia fica na Província da Beyra Bayxa Comarca e Bispado de Coimbra Termo de Miranda do Corvo...»
«Esta terra foi ela presente da Senhora Marquesinha de Arronches. Tem vinte e sete vizinhos, esta situada em hum valle e se descobre della hum lugar por nome Campillinho, o qual sit. a dois tiros de Funda...»
«... tem vinte e tres lugares que sam Campelo, Campillinho, Peralcoyo, Tresposto, Eyras, Pé de Janeiro, Alje, Singral Simeyro, Singral Fundeyro, Sigarrinhas, Siaras, Molhas, Ribeira Velha, Povoa, Fontam Simeyro, Fontam Fundeyro, Couto, Vilas de Pedro, Casas Velhas, Castelo, Casal, Aldeya Fundeyra e Val de Vicente. O Orago he a Senhora da Graça, tem coatro altares, - que eram o de S. Sebastião, o do Santíssimo, o da Senhora da Graça e o da Senhora do Rosario...»]]
Mas as origens da aldeia são certamente muito mais antigas. Uma lenda atribui a sua fundação à princesa Peralta:« (…) A origem desta povoação, ao certo, dada a falta de vestígios, não se sabe, mas não restam dúvidas de que é muito antiga e, se dermos crédito à Lena, o seu nome é principesco, teria sido fundada pela princesa de PERALTA filha do opolento rei vencido a quando de prolongadas lutas na região da Lousã.
Esta princesa ter-se-ia refugiado no local batizando-o com o seu próprio nome. Por este motivo e também devido aos acidentes do terreno, o sítio torna-se conhecido por COVO (cova grande, esconderijo) de PERALTA, designações que, aglutinando-se teriam dado PERALCOVO.
É, efectivamente, aceitável que assim teria acontecido.
Esta povoação, de existência bastante remota, parecendo perdida desde há muito desejava ter um lar sagrado, a recordar o Creador nas serras que Ele semeara antes da subida aos Céus.
A construção de uma capela era uma ideia enraizada que num futuro mais ou menos próximo se converteria em realidade. Bastava a recordação que todos tinham da “TIA MARIA MOÇA” e dos seus santinhos para que essa ideia frutificasse, transmitida de geração em geração. Foi assim que chegou a nossos dias.
Então quem era a “TIA MARIA MOÇA”? Segundo diz a lenda, era uma pobre mulher, até certo ponto virtuosa.
Ela improvisara em sua casa, uma pequena CAPELA, que foi sem dúvida, o primeiro templo que existiu em Peralcovo. Diz-se até que os santinhos dela tinham muito valor; é verdade que lá acorriam numerosos crentes que faziam dádivas em cumprimentos de promessas.
Desta recordação parece ter nascido a capela que hoje lá se ostenta para onde foram os santinhos da “TIA MARIA MOÇA” e na qual se venera NOSSA SENHORA DA BOA VIAGEM. Todos os anos no último DOMINGO DE AGOSTO, acorrem a esta pequena povoação centenas de fiéis desta freguesia e arredores à festa da sua Padroeira.
“SANTA DA BOA VIAGEM”,
OLHAI PELOS QUE SE VÃO:
O PAI, O MARIDO, O FILHO,
E MAIS O NOIVO E O IRMÃO»
(Texto inserido no verso do ícone/"santinho" dedicado a Nossa Senhora da Boa Viagem, a padroeira de Peralcovo – s/data)
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