Ontem mesmo, por uma daquelas inéditas coincidências, nas Finanças de Figueiró dos Vinhos conheci uma prima com raízes de Peralcovo e a sua simpática família.
Interessada na preservação da história e do património da nossa região, de entre vários objectos que guarda carinhosamente, ofereceu-me alguns daqueles pregos que se usavam nos cortiços:
Descobri agora que se chamarão "sevinos" - no blogue http://montedomel.blogspot.pt/ é descrita a construção dos cortiços:
Nos descortiçamentos, quando surgia um caneiro mais redondo e de boa cortiça, fruto de arvore saudável, e de tirador experiente, era de imediato posto de lado, e até escondido, não fosse o proprietário da terra discordar.
Eram assim obtidas algumas pranchas de cortiça, e guardadas até à Primavera seguinte, onde albergariam algum enxame.
Nos tempos livres, o mestre abelheiro, normalmente detentor de alguma arte para manusear este tipo de materiais, cortava e “aparelhava” o caneiro de cortiça, de modo a dar-lhe a forma indicada. Era então necessário unir os bordos, para lhe dar a forma cilíndrica e tornar a construção mais estável. Esta etapa não era decerto fácil, pois a disponibilidade de pregos ou arames não era muita, usavam-se então “sevinos”, vulgo, pregos em madeira de esteva, que fixavam a cortiça.
De seguida, e de novo com cortiça, confeccionava-se o tampo, uma prancha redonda e plana resolvia o problema, sendo também fixa com os pregos de madeira. Faltam ainda as “trancas”, escoras feitas com duas varas de esteva, e cruzadas perpendicularmente no interior do cortiço, duas ou três trancas eram suficientes para escorar os favos.
Para finalizar, recortava-se a abertura por onde passariam as abelhas. Os apicultores mais metódicos teriam ainda o cuidado de “barrear”, todas as frestas e junções do cortiço com barro, e estava assim pronta a colmeia.
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