domingo, 12 de fevereiro de 2012

Eiras

As eiras tinham uma importante função produtiva na vida dos habitantes da aldeia. Era lá que secavam os cereais, que os tratavam e onde por vezes os armazenavam.

Mas tinham também uma função social e mesmo lúdica. Os trabalhos comunitários - a descamisada do milho, por exemplo -, eram uma oportunidade de contactarem entre si.

Uma excelente descrição das eiras, extraída do site da Câmara de Castanheira de Pera - http://www.cm-castanheiradepera.pt/etnografia.asp, que, por sua vez, a retirou da "Monografia do Concelho de Castanheira de Pera" da autoria de Kalidás Barreto:

"Eiras

Situando-se já fora da casa propriamente dita, mas com uma grande importância e de construção e localização propositadas, as eiras compunham-se em duas partes:
Uma casa abarracada para guardar os cereais e a parte do eirado em laje; onde se expunham ao sol os cereais e por isso a sua construção era em locais bem expostos ao sol.
Na altura das colheitas as pessoas passavam grande parte do tempo nas eiras, especialmente em Julho, finais de Agosto e Setembro, primeiro pela cultura do centeio e depois do milho, a mais importante.
Todas as pessoas se juntavam nas eiras para as descamisadas, isto é, tirar a folhagem ao milho.
De dia, o milho era transportado para a eira em "peceeiros", cesto grande sem asas, de transportar à cabeça ou às costas, ou em carros de bois.
De noite juntavam-se então para descamisar o milho e enquanto o faziam contavam histórias, cantavam e as crianças brincavam.
A lide continuava depois de feito este trabalho; era necessário por as espigas ao sol, para mais facilmente se separar o grão das espigas, malhando-se em seguida. Malhava-se com os moiais ou maiais, paus articulados que iam batendo no milho amontoado. Depois disto era necessário escasular o milho, tirar-lhe os grãos que não saiam com o pau do casulo, repetindo-se o ritual da escamisada.
O milho continuava por mais dois ou três dias na eira, até ficar com pouca humidade, finalmente tinham de o limpar ao vento, erguendo-o e depois procediam à sua medição com medidas de meio alqueire, medidas de madeira equivalente a sete litros.
Guardava-se em arcas quase sempre de carvalho, cuja capacidade aproximada era de um moio, 60 alqueires, 840 litros.
Passada a época das colheitas as eiras deixavam de ter animação, mas na parte da construção ficava guardada a palha e até frutas"



Peralcovo tem ainda os vestígios de algumas eiras, mas uma delas, perto da nossa casa, desperta-me especial atenção, recordo-me do meu pai e da minha avó dizerem que aí se realizavam muitos dos "bailes" da aldeia. Algumas fotos:


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