segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Os cinquenta anos da capela

Um dos meus primos deu-me há dias uns recortes de jornal acerca do cinquentenário da capela de Peralcovo:


Apesar de não ter ainda conseguido identificar o jornal de onde foram efectuados os recortes, não quero deixar de os dar desde já a conhecer.

De acordo com a placa de azulejos afixada na fachada principal da capela, os 50 anos da capela foram assinalados em 15 de Setembro de 1986:
Entretanto vou continuar a procurar na secção de "Imprensa local" do (excelente) sítio da Biblioteca Municipal de Figueiró, que contém a digitalização dos jornais publicados no concelho desde 1895. Uma palavra de reconhecimento pelo óptimo trabalho realizado!

Sobre a capela tentarei proximamente editar algumas fotografias. Até lá, recomendo acedam ao blogue do nosso amigo José Farinha - singral.blogspot.com - para ver a reportagem de 24 fotografias que ele fez no passado mês de Setembro em Peralcovo.

domingo, 21 de setembro de 2008

A fonte de Peralcovo

A fonte de Peralcovo é um dos locais de visita obrigatória da povoação.
A sua água é considerada há muito das melhores do concelho de Figueiró dos Vinhos, existindo habitantes das redondezas que aí se deslocam para a beber e levar.

Fotografias da fonte em 2004

Apesar destes factos, a fonte de S. José apresenta hoje um aspecto muito pouco digno e mesmo degradado. Em meados deste ano a Câmara procedeu, e bem, à limpeza do caminho que lhe dá acesso, mas na fonte em si não fez qualquer trabalho de conservação.
É este o actual aspecto da fonte:

Fotografia da fonte de Peralcovo em Agosto de 2008

Um apelo à Câmara Municipal de Figueiró dos Vinhos para parar a degradação da fonte de Peralcovo, memória do seu povo e património de todos!

domingo, 31 de agosto de 2008

O Laínte

O Laínte da Casconha

O meu avô era um dos cerca de 300 comerciantes de fazendas da freguesia de Campelo que nos anos 30 calcorreavam o país vendendo tecidos produzidos nas fábricas de Castanheira de Pera.

As zonas do país em que efectuavam o seu trabalho seriam essencialmente o distrito de Setúbal e o Algarve, aqui incidindo em Monchique e Portimão.

Partiam das suas casas na freguesia madrugada fora a pé até à Castanheira de Pera, onde se abasteciam das fazendas. A partir daí a viagem era feita na camioneta de carreira movida a gasogénio ou em "charretes" puxadas por 4 mulas, até atingirem a estação ferroviária de Paialvo (perto de Caxarias, concelho de Fátima).

Regressariam às suas casas de seis em seis meses, voltando a partir pouco tempo depois.

Memórias, entre outras pessoas, do Sr. José Casimiro de Campelo


O meu avô certamente falou o dialecto "Laínte da Casconha", único no país e muito bem caracterizado no texto publicado no site da Câmara Municipal da Castanheira de Pera, que reproduzimos de seguida.

Para aprofundar este interessante assunto vale a pena ver a excelente monografia da Kalidás Barreto - "Monografia do Concelho de Castanheira de Pera", edição comemorativa do 90.º aniversário da fundação do concelho, 3.ª edição, 2004 - páginas 365 a 376.


:. L A Í N T E D A C A S C O N H A .:

“Áques larfamos Laínte” – Aqui falamos Laínte

No século XIX, o espírito inventivo dos Castanheirenses levou à criação do Laínte da Casconha. Laínte é uma modificação da palavra latim. Falar latim significa, em linguagem coloquial, “expressar-se de um modo que ninguém entende” – tem este significado devido ao latim em que eram, antigamente, celebradas as missas e que ninguém entendia. Assim, Laínte significa linguagem que só os iniciados entendem e Casconha uma palavra inventada que significa Castanheira de Pera.

O Laínte tem por base a língua portuguesa, utilizando as mesmas regras gramaticais (tempos verbais, substantivos, …). Os vocábulos são, na sua maioria, formados a partir da transformação das palavras em português.

Trata-se de uma linguagem exclusivamente oral que era utilizada pelos vendedores ambulantes de tecidos de Castanheira de Pera.

Esta linguagem terá surgido aquando da expansão das indústrias de lanifícios, cujos tecidos aí fabricados era necessário vender fora da região.

Homens de trouxas às costas, de burro ou de mula, percorriam o país vendendo os tecidos oriundos das indústrias de Castanheira de Pera.

Esta situação de “andarilhos solitários” incutia-lhes um espírito de entreajuda e solidariedade. Mas também a necessidade de estarem em permanente alerta, devido à cobiça suscitada pelos tecidos que tinham para vender, assim como pelo dinheiro que transportavam, fruto da venda dos mesmos, obrigava-os a adoptar atitudes defensivas.

É neste contexto de entreajuda e necessidade de defesa que surge o Laínte.

Esta linguagem permitia, assim, aos vendedores comunicar entre si sem que os clientes entendessem e, em caso de assalto, combinar uma estratégia para se defenderem. Em meados do séc. XX, devido às alterações da forma de comercializar os tecidos (confecções, …), os vendedores deixam de andar de terra em terra e fixam-se.

Com esta fixação do comércio, deixa de haver necessidade de uma autodefesa e de um espírito de entreajuda e, como tal, também de uma linguagem própria – o Laínte – começa, assim, a deixar de ser falado.

Os últimos vendedores ambulantes, que sabiam falar Laínte, foram: o Sr. Valdemar Rosinha, o Sr. José da Silva Mendes e o Sr. Virgílio.

Actualmente, o Sr. Domingos Alves é a única pessoa que ainda sabe falar laínte.

Este castanheirense dedicou-se ao estudo desta linguagem, realizando um trabalho de recolha junto de antigos vendedores ambulantes e seus familiares. Esta recolha, efectuada ao longo de muitos anos, irá culminar com a publicação de um livro, que ainda se encontra em fase de elaboração. Para além do trabalho de recolha, o Sr. Domingos também procede à divulgação do laínte.


Pequeno Diálogo em Laínte:

- Choina codêpia, hoidêje a rêfa verse cópia.

- Insara amidêgo, o cames verdunhou timum de faiarra.
- Taêmes o cames, jordamos atilém ao cadéfe bercher um moiteira copio?
- Insara, o cames taêmes jorda carmar cidorras pra cachinar.


Tradução em Português:

- Boa noite, hoje a feira foi boa.

- É verdade amigo, eu vendi muita fazenda.
- Também eu, vamos além ao café beber um copo de vinho?
- Sim, eu também vou comprar cigarros para fumar.

Elaborado por: Carla Caetano e Sónia Cardoso

Texto retirado do site da Câmara Municipal de Castanheira de Pera - www.cm-castanheiradepera.pt/lainte.asp

Peralcovo, a lenda


A lenda:
«Esta pequena povoação fica quase no alto da serra sobranceira ao Espinhal e dista de Campelo (sede da freguesia a que pertence) cerca de meia hora de caminho.
O local, de configuração bastante acidentado e rodeado de grandes elevações, é pitoresco e dominado por um pico montanhoso, donde se disfruta o panorama lindíssimo de muitas léguas em redor
A povoação aninha-se, logo a baixo, numa pequena colina, onde existia antigamente uma cova de desproporcionadas dimensões, talhadas a pique pelo agrupamento de serras que vem quedar-se acima na montanha e que estão mais espaçosamente separadas pelo sulco profundo que o arado divino ali abriu, criando uma passagem e nela desenhando o longo e extenso Vale de Peralcovo.
A origem desta povoação, ao certo, dada a falta de vestígios, não se sabe, mas não restam dúvidas de que é muito antiga e, se dermos crédito à Lena, o seu nome é principesco, teria sido fundada pela princesa de PERALTA filha do opolento rei vencido a quando de prolongadas lutas na região da Lousã.
Esta princesa ter-se-ia refugiado no local batizando-o com o seu próprio nome. Por este motivo e também devido aos acidentes do terreno, o sítio torna-se conhecido por COVO (cova grande, esconderijo) de PERALTA, designações que, aglutinando-se teriam dado PERALCOVO.
É, efectivamente, aceitável que assim teria acontecido.
Esta povoação, de existência bastante remota, parecendo perdida desde há muito desejava ter um lar sagrado, a recordar o Creador nas serras que Ele semeara antes da subida aos Céus.
A construção de uma capela era uma ideia enraizada que num futuro mais ou menos próximo se converteria em realidade.
Bastava a recordação que todos tinham da “TIA MARIA MOÇA” e dos seus santinhos para que essa ideia frutificasse, transmitida de geração em geração. Foi assim que chegou a nosso dias.
Então quem era a “TIA MARIA MOÇA”? Segundo diz a lenda, era uma pobre mulher, até certo ponto virtuosa.
Ela improvisara em sua casa, uma pequena CAPELA, que foi sem dúvida, o primeiro templo que existiu em Peralcovo. Diz-se até que os santinhos dela tinham muito valor; é verdade que lá acorriam numerosos crentes que faziam dádivas em cumprimentos de promessas.
Desta recordação parece ter nascido a capela que hoje lá se ostenta para onde foram os santinhos da “TIA MARIA MOÇA” e na qual se venera NOSSA SENHORA DA BOA VIAGEM. Todos os anos no último DOMINGO DE AGOSTO, acorrem a esta pequena povoação centenas de fiéis desta freguesia e arredores à festa da sua Padroeira.

“SANTA DA BOA VIAGEM”,
OLHAI PELOS QUE SE VÃO:
O PAI, O MARIDO, O FILHO,
E MAIS O NOIVO E O IRMÃO»
Texto inserido no verso do ícone/"santinho" apresentado a seguir:

Dimensões: 120 x 159 mm; sem data

As Festas em 1955, 1958, 1962, 1980, 1990


Cartazes das festas de 1955:
Dimensões: 210 x 296 mm


Dimensões: 212 x 172 mm


Cartaz das festas de 1958:

Dimensões: 301 x 426 mm; cor do papel: amarelo


Ícone/pendão da festas de 1958:

Dimensões máximas: 125 x 50 mm


Cartaz das festas de 1962:

Dimensões: 208 x 292 mm


Cartaz das festas de 1980:

Dimensões: 211 x 297 mm


Cartaz das festas de 1990:

Dimensões: 212 x 301 mm

terça-feira, 12 de agosto de 2008

As Festas

Cartaz das festas de 1951:

dimensões: 220 x 335 mm; cor do papel: verde (1); amarelo (1)


Factura das festas de 1951:


dimensões: 167 x 188 mm

Recibo das festas de 1951:


dimensões: 199 x 110 mm